Silvia Ramos apresenta Alexandre Brasil e Regina Novaes
Silvia Ramos apresentou a última edição de 2010 do Rio de Encontros explicando que o objetivo do evento era fazer as pessoas saírem de seus eixos, com pautas novas. Pois bem, depois de debates sobre meio ambiente e urbanismo, UPP, informalidade, cultura, mídia (além de uma edição especial sobre o Museu do Encontro), a conversa entre a antropóloga Regina Novaes e o sociólogo presbiteriano Alexandre Brasil sobre religião foi, provavelmente, a que mais foi feliz em bagunçar certezas.
Isso por uma coleção de fatores. Por ser uma questão que une o ser e o crer, como lembrou Regina Novaes. Por não ser possível “contabilizar” a fé dos outros. Talvez por tudo isso, a religiosidade dê margem aos piores episódios de intolerância. Nunca a palavra “preconceito” teve tanto sentido, pois raramente há diálogo. Vale lembrar que em um Rio de Encontros anterior, sobre mídia, o jornalista Fernando Molica foi taxativo: “A cobertura sobre evangélicos nos jornais cariocas é 100% preconceituosa”.
As cerca de três horas de conversa mostraram que o buraco é mais embaixo. E as falas dos dois iniciadores foram bem complementares: Regina, que é professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi editora da revista Religião e Sociedade por 10 anos, deu uma verdadeira aula em que partiu de uma definição filosófica da crença para depois tratar da situação do Brasil e do Rio. Alexandre Brasil, doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), fez um relato mais pessoal, mostrando por meio de sua experiência como há uma pluralidade de personagens, militâncias e debates no mundo evangélico.