Havia 300 vagas para a Agência, mas apareceram 858 interessados em participar. A saída foi fazer uma seleção por entrevista, em que o critério era a motivação pessoal. Durante as conversas, surgiu a percepção de alguns dos muitos dos desafios que devem ser encarados nessas comunidades nos próximos anos. Maria Antonia Goulart, que conduziu o processo, identificou que 60% dos alunos têm internet em casa, mas há disparidades: “Tem muita menina que parou de estudar porque engravidou. As políticas públicas vão ter que abrir espaço para essas questões, pensar os problemas em conjunto”.
O número de “excluídos” do projeto e o número reduzido de comunidades contempladas gerou alguma inquietação, como se pôde observar nas falas da plateia. Willian da Rocinha, por exemplo, lamentou que o projeto não chegue a comunidades não-pacificadas, onde “criança cuida de criança”. Barnabé, da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, foi além: “É preciso pensar nos 600 que não foram contemplados e naqueles que nem se inscreveram. Mas o que mais me preocupa é como fazer os jovens que não vão ter os projetos financiados não desistirem de realizá-los. Senão é estética BBB, viver aquilo mas querer o milhão”, disse, referindo-se ao programa Big Brother Brasil.
Na resposta, Faustini falou não ter medo da tal “estética BBB”, pois acredita que a estrutura de game vai motivar os participantes. “Não vamos conseguir dar conta de todos os jovens da cidade. Mas a idéia é experimentar essa metodologia para aumentar essa rede, para que vire, quem sabe, política pública”, afirmou ele.