No mundo ideal de Regina Casé, o Estado entederia que, ao invés de boicotar o potencial aglutinador das lan houses, a melhor coisa a fazer seria deixar esses espaços seguirem suas vocações. Sim, para ela esses estabelecimentos têm vocação para creche, cartório e centro de reforço escolar, como já mostrou em sua série no Fantástico. Com a palavra, a comunicadora:
– Às vezes tem coisa legal que está funcionando e não é aproveitada com a chegada do Estado. A lan house segue o mesmo percurso do funk. Sempre tem uma lan house na subida do morro, que junta gente lá de cima e do asfalto. Aí acaba sendo empurrada para dentro da favela, aí começa a ter uso indevido… E volta para o asfalto como “coisa de bandido”. Mas é lugar de fazer currículo, fazer matrícula na escola. O dono da lan house é como um dono de creche! São dez funções boas para uma ruim, e a ruim criminaliza tudo. Devia haver processo rápido de formalização, se transformar quase num cartório, ter parceria com as escolas, ser utilizada como reforço escolar, com monitores para tirar dúvidas de português e inglês. Pequenas coisas que poderiam gerar uma boa repercussão em tempo mínimo! É crime criminalizar lan houses!